Carnaval 2014: Vinhos DeLucca
Ok, ok, falando de Carnaval e a Páscoa já está aí. Eu sei. Mas vai fazer dois turnos no restaurante para ver se hora ou outra algumas coisas não ficam atrasadas….rsss
Depois de passar alguns dias maravilhosos com a Lizete – e com a promessa de voltar no caminho pra Sampa, depois – pegamos o carro rumo à RS. Como eu já havia dito, a região era minha velha conhecida, pois desde 2004 ia e voltava procurando produtores interessantes para trabalhar em Sampa – no projeto embrião que se tornaria a Enoteca.
A primeira coisa que tenho que dizer: a estrada é linda. Chegando na Serra pode ser bem esburacada, mas na Rota do Sol, é lindíssima.
Minha sugestão é pegar a rota do Sol, para ir para a Serra. A estrada é lindíssima, e se calhar de você pegar a estrada no pôr do sol, vai se surpreender. Cheguei até Pinto Bandeira por Farroupilha, e foi um dos fim de tarde mais bonitos que já tivemos.
No nosso primeiro dia lá, passamos com a Marina Santos, que está vinificando vinhos em seu projeto pessoal, de maneira totalmente artesanal, manual e natural. Melhor impossível. Provamos o Barbera, em tanque, que estava um espetáculo. Mas vou falar dela em outro post, quando ela lançar os vinhos para o mercado.
O interessante foi que – coisas divinas, essas – conhecemos os vinhos DeLucca por acaso. E sim, DeLucca brasileiros, e não Uruguaios ( eles até fazem parte da mesma árvore e se conhecem…rs ).
Não que eu acredite em acaso. Mas foi totalmente sem querer. São os DeLucca que fornecem uvas para a Marina, e como estavamos lá, acabamos conhecendo o Zulmir pai e o Zulmir filho, que naquele dia estavam levando um carregamento de uvas Cabernet para a Marina.
Como a própria Marina disse, o Zulmir pai conhece muito mais do que muito enólogo famoso por aí. E o melhor de tudo é que, além de conhecer do vinho, da uva, da parte técnica … ele manja de todo o conhecimento que é realmente importante: de vida, de saúde, de ecologia, de sustentabilidade, de tradições e de autenticidade. Ou seja, o cara é um monstro. Daqueles que você quer apenas ouvir, ouvir, ouvir, e não se arrisca a falar nada, para não estragar o momento. Uma daquelas entidades de conhecimento e de conhecimento de causa. E com uma simplicidade que desbanca qualquer zé mané metido a conhecedor.
Apresentações feitas ao pai, vamos ao filho: é a mesma coisa mas em miniatura. E não de tamanho, mas de idade. Zulmir filho tem 17 anos, está se formando em enologia e tem a mesma paixão, inteligência, conhecimento e paixão pelo vinho que o pai.
E sim, estavam os dois carregando caixa de uva pra dentro da adega, pois afinal, eles trabalham sim senhor. É exatamente o tipo de vinhateiro que… é vinhateiro. Tem seus vinhedos, trabalha com as próprias mãos os vinhedos – e trabalha com as próprias mãos os vinhos. Isso é raro hoje em dia.
Se eu falar então que os vinhedos são totalmente orgânicos – e certificados – e a adega deles, em Farroupilha, parece uma mini Tondônia, vocês vão achar que eu estou mentindo.
É, eu também demorei para acreditar. Parecia que eu tinha entrado em um túnel do tempo.
Mas vamos do começo. Estavamos lá com a Marina, encantados com os dois. Até que Zulmir pai nos convidou para visitar a adega deles e provar uns vinhos. Eu, que não sou besta nem nada e já estava apaixonada por eles, aceitei o convite na hora. Mal eu sabia que minha surpresa só estava começando.
Chegamos lá no fim de tarde – chovendo e frio. Quem nos recebeu foi Zulmir filho. Nem de longe você diz que o rapaz tem a idade que tem. Ele estava fazendo a remontagem dos vinhos – jesus, que barris enormes!!! – e conduzindo nossa degustação ao mesmo tempo.
O primeiro impacto é a adega. Uma construção de pedra magnífica, sólida, que não te revela o que está por vir. Quando entramos, parecia que tinha se aberto um portal para outro tempo. Um tempo onde os vinhos eram feitos à mão e não tinha tanto veneno por aí. Um tempo onde as pessoas se conversavam e o trabalho passava das mãos dos pais para os filhos.
Ficamos chocados. No bom sentido, claro. E quando começamos a degustar os vinhos, o choque começou a virar encantamento. Vinhos perfumados, muito diferentes, muito característicos dali.
Os brancos, um Chardonnay e um Peverella. Ambos com petilant super agradável. O Peverella, com um aroma de lavanda delicioso.
Os tintos, Tannat, Barbera, Cabernet, Pinot…. cada um mais interessante do que o outro.
Os vinhedos são totalmente orgânicos e os vinhos também são certificados. Não utilizam absolutamente nada, nem no vinhedo nem na bodega, a não ser uma pequena quantidade de Metabissulfito de Potássio ( sal que, misturado com a água, volatiliza SO2 ). Mas pequena mesmo. E eles são tão honestos que colocam essa informação no rótulo – coisa que a grande maioria não faz.
Gostei de todos os vinhos, sem dúvida. Me encantou o Barbera e o Peverella. Mas todos seguem uma linha muito única, que só saindo de lá, mesmo, para serem assim. Da mesma maneira que a gente brinca que os Domínio Vicari tem cheiro de Vicari, os vinhos DeLucca tem cheiro de DeLucca.
Isso sim que é expressão de terroir…. rsss
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Salut!!!