CARAVANA NATUREBA 2015
Começou ano passado: a idéia era descer de carro até Santa Catarina e conhecer pessoalmente a Lizete Vicari.
Depois, descer em direção à Rio Grande do Sul para conhecer também pessoalmente outros mestres naturebas: Marina, da Vinha Unna ; Eduardo Zenker, do Arte das Vinhas; Zanini, do Era dos Ventos. Pelo caminho, conhecemos mais muita gente que estava fazendo vinhos orgânicos e naturais, além de muita gente produzindo uvas orgânicas e biodinâmicas.
Degustamos coisas que não imaginávamos e conhecemos gente que também nem pensávamos conhecer.
Esse ano foi um pouco diferente. Já conheciamos alguns vinhateiros ( tenho todos os vinhos na Enoteca ) e quis conhecer pessoalmente outros, como o Maurício, dos vinhos Serena, o Marco Danielle, do Tormentas, o Bettú, dos vinhos Bettú. Mais vinhateiros, e mais gente : na caravana se juntaram também o Léo – nosso sommelier, que trabalha conosco na Enoteca – a Mari, sua esposa; a Jô Barros e a Patrícia Brentzel, que dispensam apresentações.
Nos encontramos com Lizete Vicari e José Augusto Fasolo, da Domínio Vicari. Eduardo Zenker, da Arte das Vinhas. Marina Santos, da Vinha Unna. Maurício Voight, do Serena. Bettú, dos vinhos Bettú. Zulmir, Neusa e Zulmir filho, dos vinhos DeLucca. Marco Danielle, do Tormentas. Jaime, do projeto Quinta da Canopa.
Degustamos o que podíamos e não podíamos – nosso fígado e nossos corações voltaram recheados de histórias.
O objetivo da Caravana? Divulgar e se informar sobre os vinhateiros brasileiros, principalmente os pequenos produtores que trabalham a uva e o vinho de forma saudável.
Cidade pequena, inferno grande. Coincidência ou não, ouvimos essa frase algumas vezes durante a viagem. É, nossa passagem foi um tanto turbulenta: não teve um dia sem alguma polêmica ou intriga.
O que não fazem meia dúzia de bebedores e mais meia dúzia de vinhateiros naturebas! O que a maioria não sabe, entretanto, foi que o cunho da viagem teve um propósito muito além do lazer e da bebedeira. A gente ri, a gente se diverte, a gente bebe. Mas o que está por trás é muito maior do que somente o prazer, seja nosso ou de quem bebe esses produtores.
Mas isso virá à tona no momento certo.
Por enquanto, agradeço imensamente o carinho de todos que nos abriram as casas, as garagens, as barricas e os corações: pra mim, o futuro do vinho brasileiro de qualidade está nas mãos dos pequenos produtores que estão vindo para mudar o conceito sobre o que é vinho.
Mas também está na nossa mão: cabe a nós beber, conhecer, pressionar politicamente para que as leis e tarifas mudem, para que as margens abaixem, criticar, elogiar, falar sobre o assunto. O brasileiro ainda é o principal problema do vinho brasileiro. Eu tenho minha preferência: os artesanais naturebas. E você? Tem uma preferência? Vá atrás, conheça, se aprofunde.
Não precisa gostar dos mesmos que eu, dos mesmos que teus amigos, do mesmo que saiu na revista. Como disse uma produtora: ” uma garrafa de vinho brasileiro na mesa, é um prato de comida na mesa do agricultor”. E o mercado só vai começar a mudar quando o consumidor mudar.
Sobre as críticas durante a caravana, guardei algumas com carinho: ” sangue de boi hipster”, “raio gourmetizador sobre o vinho de garrafão”, ” populismo natureba” ( aliás, amei essa última ).
É bom ver que, num mundo onde as pessoas sentem cada vez menos, que o vinho ainda pode causar alguma reação, tirar o povo da zona de conforto, fazer falar, refletir, se irritar ou chorar de emoção.
Voltamos pra Sampa mais felizes e mais fãs do trabalho desses vinhateiros do que nunca.
E com uma certeza: um brazuca incomoda muita gente… Um natureba incomoda muito mais.