Quê? Couve.
Sim, os mais chegados já sabem que depois de um surto psi a mais de um ano, resolvi sair do Jardins e morar na Granja Viana. Mais ainda, estou na piração de plantar minha horta, meu pomar, e quem sabe, num futuro próximo, ter umas penosas e uma cabra.
Enquanto meu micro projeto agrícola anda, já consigo colher alguns frutos. Literalmente. Quer dizer, na verdade não são frutos, são folhas. Vocês não tem idéia o que uma horta pequena pode produzir em um mês. É verdura pra mais de duas geladeiras.
Obviamente que a idéia é só comer o que a gente planta. Mas isso requer um bocadinho de leitura e muita paciência pra aprender na prática. Meu bem, quem nunca colheu uma alface pode ter problemas sérios na primeira vez. Da mesma forma que com o tempo você pega o jeito de colher, de plantar, de regar, quais são as principais pragas de cada folha, etc, etc.
Eu sou fanática por couves, brócolis, e toda a família. Suco, refogado, cru, salada. Ui, adoro.
Tenho meus canteiros de couve escura, couve manteiga, brócolis, couve flor, kale crespo e cavolo nero. Fiquei felizona quando a Santa Adelaide me entregou alguns kales e cavolos que eles também estão cultivando ( os meus ainda são bebês ). São couves deliciosas.
Aproveito para dizer que um dos principais “problemas”- e aqui coloco entre aspas, pois o problema aqui é relativo – das couves, pelo menos por aqui, é a tal da lagarta da couve. Jesusamado, ela tem uma fome de cão. Vai comendo tudo quanto é folha pela frente.
“O curuquerê-da-couve – Ascia monuste orseis (Lepidoptera:Pieridae), é um inseto herbívoro, que apresenta
aparelho bucal mastigador na fase larval e aparelho bucal sugador do tipo espirotromba na fase adulta, tendo
como alimento principal néctar das flores. As brássicas (crucíferas) constituem a família mais numerosa em
termos de espécies oleráceas, totalizando quatorze hortaliças, sendo a couve -comum (B. oleraceae
var. acephala), de grande importância econômica (FILGUEIRA, 2000).”
Pois é. Pode ser um problemão se pensarmos na produtividade da couve. Eu mesma “perdi” 3 dos meus 10 pés inteiros para a lagarta.
Mãsssss….
Depois de um tempo sabe o que acontece? Essa lagarta devoradora de couves vira uma borboleta linda. É a tal da borboleta branca da couve. E daí passa toda a raiva e você até planta umas couves a mais pras lagartas poderem ter comida suficiente.
De qualquer maneira, vamos falar um pouco das couves menos conhecidas aqui no Braza, que tem despertado um enorme bafafá em torno dos seus poderes quase milagrosos de nutrição.
O KALE CRESPO
Kale crespo. Um “tipo”de couve cultivado a mais de 2000 anos fez muito sucesso antigamente ( era muito consumido na europa na idade média ) e voltou agora com força total como alimento da moda. Na onda de procurar alternativas aos legumes e verduras de sempre, a galera ressucitou o kale e todos os seus primos; pudera, ele é provalvelmente uma das verduras com maior concentração nutricional pour calorias. Ou seja, faz um bem danado. Fora seus benefícios nutricionais, o movimento de resgate de vegetais e verduras “esquecidas ” ou pouco valorizadas pelo esquemão agrícola massivo sempre me agrada. Como o kale já é modinha faz tempo lá fora, aqui no Brasa não é mais tão difícil de encontrar. Os bons produtores orgânicos já tem, e nas feiras de produtos orgânicos encontramos com certa facilidade. Esses aqui são do Santa Adelaide Orgânicos ( aliás, Sábado é dia de feirinha orgânica, pra quem acorda cedo – que nem a Pat Feldman que chega as cinco da manhã na feira da Água Branca ). O Kale é uma couve de folhas, da espécie das Brássicas, e é um parente dos repolhos e couves “silvestres”: suas folhas não crescem formando cabeças, como outras couves ou repolhos mais conhecidos, é por isso seu grupo é das Acephalas ( significa sem cabeça ). O Kale tem proteínas do que qualquer outra verdura. Ele também tem ferro do que carne vermelha, proporcionalmente. Tem cálcio, ômega 3 vitaminas. Só de vitamina A ( pela dose de betacatoteno altíssima) uma xícara já nos dá o dobro do que precisamos; cerca de 30% do que precisamos de vitamina C ( ótima para as artrites) e sete (!!) vezes mais do que uma pessoa precisa da vitamina K. E daí? Bom, a tal da K é importante na coagulação do sangue,no desenvolvimento e manutenção dos ossos, no crescimento celular. Tem bastante vitamina B6 e manganês. Atua também como antiinflamatório e depurador. Aparentemente, toda a família das couves tem propriedades Qué ajudam a combater o câncer, a catarata, é ótimo para o coração e tem, proporcionalmente mais Cálcio que o leite de vaca. Ah sim, é uma fonte de fibras invejável, que são boas pra quase tudo dentro da gente, como manter os níveis de açúcar no sangue. Bora comer Kale!
O CAVOLO NERO
Cavolo Nero é outra das brássicas apetitosas e pouco conhecidas aqui no Brasil. Na Itália, tem muitos fãs e está presente na gastronomia tradicional, principalmente na Toscana. Também é uma couve de folhas, de folha bem escura, por isso seu nome. Como o kale crespo ( sim, são parentes próximos ) tem quantidades napoleônicas das vitaminas K, A e C, além de quantidades significativas de manganês, cobre, fibras, cálcio, ferro, vitaminas do complexo B, vitamina E, e muitos outros elementos . Também é rico em antioxidantes, e pode ajudar a prevenir uma variedade de doenças do aparelho digestivo, câncer de cólon e bexiga, etc. Baixíssimo em calorias, cerca de 20 por 100 gramas, ajuda na dietinha.
Pode ser chamado também cavolo toscano, cavolo palmizio, cavolo a penna, cavolo nero fiorentino, cavolo riccio nero di toscana,cavolo riccio nero di Lucca, dinosaur kale e laciniato kale. Essa é da Fazenda Santa Adelaide, e já conseguimos encontrar nas feirinhas de orgânicos por aí. Vale lembrar que nossas couves tradicionais da dieta brazuca – como a couve manteiga, são parentes e fazem parte dos vegetais verde escuros, que fazem um bem danado à saúde…