Blog da Lis

Falou em maceração, falou no Collio. Aqui o movimento dos naturebas ( uns mais uns menos ) que fazem vinho laranja, de maceração prolongada ( uns mais, outros menos ) é grande. A maior parte dos produtores mais alternativos partiu pra essa, principalmente depois do renascimento desse tipo de vinificação nas mãos de vinhateiros como o Gravner. Aliás, o próprio Josko e a Mateja nos recomendaram alguns vinhateiros que valia a pena conhecer. 

O Blazic foi um deles. Fica em Dobrovo, Eslovênia, uns 20 minutos da Oslávia, onde está o Gravner ( pra gente do Braza, é tudo vizinho de porta ). É um que o avô nasceu na Áustria, o pai na Italia, ele na Iuguslávia e os filhos na Eslovênia. Quando fizeram a fronteira, a casa ficava de um lado e os vinhedos de outro. Blazic produz cerca de 20 mil garrafas, cultiva orgânico e faz vinificação não intervencionista ( não filtrado, sem correções, sem aditivos, etc…), adicionando apenas um pouco de sulfito ( a maioria usa na forma de metabissulfito ), que na média ficam com 50g/l. Faz maceração com Chardonnay, Pinot bianco, Rebula, Tokai. 

Blazic, seus vinhos naturebas de maceração. Simona, sua esposa, e sua torta de limão & figo e biscoitinhos deliciosos….

Ele é uma pessoa maravilhosa: nos recebeu pleno domingo, antes do almoço, sem termos marcado. E além dos vinhos deliciosos, comemos um presunto cru feito por eles ( gente, que ódio, aqui todo mundo faz seu próprio presunto cru ), uns biscoitinhos salgados de sementes e uma torta de limão com figo ( a esposa trabalhava como chef ) que estava de matar. O Tokai, por ali, não pode mais ser chamado Tokai, por causa da denominação Tokai ( lá na Hungria, vinhos de sobremesa feitos com Furmint ). Então, a uva que sempre se chamou ali Tokai Friulano, teve que mudar de nome: alguns, por causa do Radikon, a chamam de Jakot ( tokaj ao contrário ), outros de Sauvignonesse ( nome botânico ). O Jakot, o Rebula e o tinto Blaz 2003 ( Merlot e Cabernet ) estavam fenomenais. Produtor que vale a pena conhecer, daquelas pessoas que você conhece no mesmo dia mas já tem dó de se despedir. Endereço deles; Plesivo, 30, Dobrovo, Eslovênia. 

Aleks Klinec. Laranjão que o Lorenzo Valenzuela e a Luisa Chova, da Barranco Oscuro, nos indicaram para conhecer. 

Eles fazem vinho de maceração e tem um “agriturismo”, ou seja, quartos e um restaurante de final de semana. 

Eles estão em Medana, Goriska Brda ( é o nome da região ), no Collio, fronteira da Eslovenia com a Italia. Medana já estava nas classificaçãos dos melhores “crus” do império austríaco ( eles pertenciam ao império na época ) no séc. XVIII, dentre os primeiros. 

Essa classificação é a primeira que se tem notícia, feita pela imperatriz Maria Thereza da Áustria. O solo da região é formado por antigo sedimentos marinhos, e o cultivo e produção de vinhas é milenar, antes dos Gregos. 

A família deles está ali desde 1918, e Aleks é a quarta geração no vinho. Outro caso clássico de avó nascido no império da Áustria, pai italiano, ele iuguslavo e filhos eslovenos – na mesma casa. As vinhas são cultivadas de maneira orgânica, biodinâmica, e os vinhos são elaborados de maneira não intervencionista: leveduras selvagens, sem aditivos, malolatica espontânea, sem filtragem, sem clarificação. Adiciona uma pequena quantidade de sulfitos no final do processo, chegando a uns 30 no total, por litro. 

Os brancos, macera de 5 a 30 dias. Rebula, Malvasia, Jakot ( Tokai ), Pinot Grigio, Cabernet, Merlot. Seu Ortodox é com Verduzzo ( variedade local ), Malvasia e Tokai, com cerca de 12 dias maceração, e remete às mesclas feitas nos vinhos antigos da região. Vale a pena reservar o restaurante, a vista é linda e quem cozinha é o Aleks, com produtos da horta e da propriedade. 

Endereço deles:

Simona and Aleks Klinec, Medana 20, 5212 Dobrovo.