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Naturebas Italianos & Eslovenos: Marjan Simcic

Na terra dos vinhos de maceração, é duro não querer tomar tudo que se vê pela frente de laranja. Como eu já disse, talvez essa seja uma das regiões vitivinícolas mais interessantes para se visitar hoje, até para acompanhar esse boom dos macerados. Muita gente vinifica bem, outros nem tanto. A maioria tem uma pegada natureba, mais extrema ou menos, mais profunda ou menos. Mas tem muito vinho comercial e ruim também – como em qualquer parte do mundo, os vinhos macerados de vinificação natural também são difíceis de vender e passam pelo mesmo processo de ter que explicar-bem-explicadinho antes de ir pra mesa. A maioria dos melhores mercados dessas vinìcolas fica fora da Itália. Depois de vários dias com laranja até a testa, é muito interessante perceber como é real a crítica de alguns de que a maceração, como a madeira, como a ânfora, como a maceração carbônica, podem mesmo ser uma padronificação: ou seja, tem que ser bem aplicada, senão fica tudo com o mesmo gosto, e todo o papo de ter um vinho com a alma da uva e da região vai pra cucuia. Bebi muita coisa boa. Alguns nem tanto. E a maceração pode ser meio pesada se você só toma isso direto: é um branco potente, tânico. Tem que saber a hora e qual o vinho. Mas um bom vinho ( a frase não é minha, é do Josko ) é um bom vinho. É vai bem com tudo, não precisa nem de sommelier pra harmonizar.

Simsic! Antes de falar um pouco sobre a tarde com o Marjan ( se fala Marian ), duas respostas para coisas que sempre me perguntam: que raios é Opoka? Bom, é um tipo de solo de pedra, que dá o nome e as características a alguns vinhos dele. “Semimentos de íntima mistura de argila e partículas de calcita ou dolomita, cujas proporções são variáveis entre menos de 30% até mais de 90%. Em geral, apresenta cor cinzenta e baixa coesão.” Capisce? Bom, segunda pergunta: o que é Goriska Brda ?! Bom, se pronuncia algo como gorixka b(â)rda ( mas melhor perguntar prum esloveno) e é a região que continua depois do collio italiano ( Oslávia & cia ), entrando na Eslovenia.

Toda a região estava em colheita. Muita gente colhe agora em Setembro ( final de verão ), alguns esperam a uva amadurecer mais e colhem lá por Outubro ou Novembro. O Marjan estava recebendo algumas Chardonnays. Ele cultiva Chardonnay, Ribolla, Pinot, Merlot, Sauvignon, Sauvignonesse ( a antiga tokai ). Sua família produz vinhos faz 5 gerações, e sua primeira safra foi em 88. O cultivo das vinhas éorgânico, e ele embora siga uma linha natural nos vinhos, não é radical e faz vinhos mais “tradicionais”, seguindo a linha da família. Não é adepto das macerações muiiiito longas e é muito sincero no uso de sulfito, assim como de filtro e bentonite ( argila, para clarificar ) na linha mais fresca. Seu Pinot Noir faz bastante sucesso, e a linha Opoka vem toda de vinhedos com essa característica de terreno. Ah sim. Outra coisa: no seu rótulo Teodor Belo – Teodor é seu avô. É belo não é um elogio… Rs… Belo é branco!

As barricas em formato de ovo! Muita gente ligada à biodinâmica ou adeptos de algumas práticas mais naturebas acabaram curtindo a idéia da vinificação no ovo. A forma orgânica faz com que o vinho se movimente naturalmente dentro do recipiente ( quando ele libera CO2 os gases vão subindo até se estreitar em cima, e formar um vórtice que impulsiona a parte de cima pra baixo, e vice versa ). O mais normal é ver ovos de cimento ou outros materiais. Como Marjan queria a presença da madeira, fez como se fosse fazer uma barrica. Como é bem mais chatinho de fazer e montar, o material para aproximadamente 10 barricas acabou dando só pra duas…

28/10/2015
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