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Naturebas peruanos: primeiro dia, mercados de Surkillo, orgânicos e Barranco.

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Maridão foi escalar o monte Pisco. Como ainda não estou correndo 20km por dia – meus míseros 6km já me matam – achei que talvez fosse melhor passar essa escalada e encontrar com ele só na parte da comida e da bebida … rss.

Então resolvi encontrar o moço lá em Lima e aproveitar para conhecer essa cidade que faz tempo que queria visitar: milhos lindos, ceviche delicioso, reino dos super foods.

Fiquei meses pesquisando sobre os lugares e sobre o movimento orgânico por lá. Resultado: foi mais uma maratona recheada de lugarzinhos fantásticos, e alguns quilos de cultura culinária acumulados no corpitcho.

Bom, pra início de conversa, temos que admitir que Lima não é uma cidade assim, digamos, das mais bonitas do mundo. Geralmente tem o céu cinza, o mar é esquisitão, praias idem, e certas partes da cidade parecem ter saído de um filme pós-apocalíptico. Mas tem seu charme, embora não seja o tipo de cidade que você vá andando à pé e descobrindo coisas no caminho. É melhor já saber mais ou menos onde quer ir, senão você corre o risco de acabar comendo, por exemplo, dentro de um shopping center com cara de Miami.

O roteiro foi de Sábado à Quinta feira, parra visitar os principais mercados de alimentos de Lima, alguns restaurantes tradicionais, outros restaurantes estrelados, e também conhecer o grande Pepe Moquillaza, o único doido que faz vinho natural por lá, amigo de toda a trupe natureba latino-americana : Louis Antoine, os Michelinis, e por aí vai.

Primeiro dia, Sábado: 
Feira Orgânica de Miraflores
Al Toke Pez
El Cevichero
Mercado n.2 de Surquillo
Mercado n.1 de Surquillo
Las Vecinas Ecobar
La Zanahoria Tienda Organica
La Bodega Verde Museo
Insolina Taberna Peruana

Primeiro dia em Lima foi intenso. Maratona mesmo. Como ainda estava sozinha – Rama chegou só no dia seguinte – aproveitei para ficar andando o dia inteiro e fuçando por lá. Cheguei as 9h da manhã – puta voo ingrato de madruga – não dormi e fui direto pros mercados orgânicos e os de Surkillo. Depois, fui parando em vários ceviches e terminei a noite no bairro de Barranco – sabadão estava bombando, pois é uma Vila Madalena de Lima, cheia de opções deliciosas. Vale sair no Sabado de noite andando sem rumo por lá: barracas de comida de rua, música ao vivo, vários bares, cafés e restaurantes, clima super animado. Miraflores, onde me hospedei num hostel, também é um bairro interessante e calmo para ficar – desde que você ache alguma coisa mais em conta. Muito do roteiro orgânico está entre Miraflores e Barranco. Embora Lima seja predominantemente reta, as distâncias são pra quem gosta de caminhar. Você leva de 15, 20 minutos de um bairro para outro, até 45m 1 hora, dependendo pra onde vai. Ubere funciona super bem e é bem barato. Vale a pena.

Feria Organica de Miraflores

Os caras estão a 18 anos fazendo essa feira, que de Sábado fica no bairro de Miraflores e domingo ocorre em Surkillo. Vale super a pena, pois é uma feira de altíssimo nível e que está já a 18 anos na labuta arrecadando expositores do Peru inteiro. Queijos de vacas felizes, comidinhas veganas, todo tipo de grãos, quinuas das mais variadas, cafés orgânicos, muito chocolate, azeite, roupas de algodão orgânico, bebidinha quentes deliciosas como chocolate quente com leite de quinua e especiarias, e por aí vai. Pirei na feira, comprei mais coisas que eu podia carregar e quase não consigo voltar à pé para o hotel.

Dez da manhã, café reforçado aqui na feira: papa-yuca recheada de verduras e quinua, com leite quente de arroz, kiwicha ( primo menorzinho da quinua ), cacau e especiarias. Tudo da barraquinha do El Almazen, que aparentemente são as referências do conceito orgânico por aqui.

Humitas!!!!! Simmm, no Peru também hay humitas.
Basicamente, uma massa de milho moída e depois assada ou cozida ou abafada nas próprias palhas.
Aqui, a versão salgada ( com queijo de vacas felizes … juro, foi o que me disse a senhorinha que me vendeu ) e também a versão doce.

Mercado n.1 de Surkillo

Surkillo é um dos bairros não tão bonitos de Lima. Mas que tem coisas maravilhosas, a começar pelos mercados. O mercado n.1 de Surkillo é o mais visitado, mas também bastante cheio de turistas. Vale muito a pena comer no El Cevichero, pois ele é uma peixaria que também serve ceviches. Tudo fresquíssimo. Vale muito a pena também chegar antes das 10h da manhã para tomar o Caldo de Galiña limeño, um caldão de galinha com macarrão típico de lá, que a galera come no café da manhã. Qualquer banquinha por lá tem.

No mercado n.1 você encontra de tudo. Carnes, hortifruti, tamales, comidas de rua, milhos dos mais variados, maca, toda gama de pseudo grãos e todos os parentes das quinuas. De Domingo, além do mercado, tem a feira Orgânica, que ocorre quase dentro do mercado. Até barraquinha para bruxaria você encontra lá dentro.

Quem acha que no Peru só os milhos são diferentes ( ok, eles são o máximo mesmo ), não perde por esperar…. as batatas. Jesus. Nunca vi tanta variedade de batata diferente junta numa banca só.

Vale comprar e experimentar todas as frutas típicas. Muita coisa estranha e muita coisa que nunca vi na vida. Lucuma e a Chirimoya. Duas frutas peruanas típicas, deliciosas, carnudas e viciantes.

A Lucuma, é uma fruta sapotácea dos vales andinos. Verdinha por fora, amarelinha por dentro, é massuda e quase farinhenta, doce, doce, e parece mesmo quase uma textura de batata doce. Usada desde bem antes de Cristo, a cultura Moche já adorava essa frutinha. Os europeus deram a primeira mordida somente depois do “descobrimento”, lá depois dos 1500 e bolinha.

A Chirimoya ( adoro esse nome ) é uma anonácea, e é essa prima da nossa fruta do conde, mas mais ácida é mais carnuda. Veio dos Andes, e seu nome aparentemente significa semente ou fruto do frio. Também é bastante popular no Chile.

O Maiz Morado!!  Ali em cima, na esquerda, lindo. Milho preto sensação do Peru, é com ele que se faz a chicha morada, refresco de milho, frutas e especiarias ( sem açúcar fica tão melhor…. ) que a gente encontra aqui em todas as partes. Uma receita fácil de chicha morada é ferver os grãos, cascas de abacaxi e maçã, cravo, canela, cominho, o que quiser. Eu gosto de depois colocar gengibre e limão. Com erva cidreira também fica um bálsamo. Mas milho aqui é choclo ou maiz?! Então. Choclo é choclo, Maiz é Maiz. Na verdade tudo é milho. Mas o que chamam aqui de choclo são os milhos clarinhos, geralmente broncos, e ainda novinhos – ou seja, “verdes”, macios. São com eles que se fazem os tamales e as humitas, as parentes das nossas pamonhas. O Maiz já é a espiga seca, e é o nome dado genericamente para todas os tipos e cores das espigas. Mas só depois de secas.

Uma das coisas mais nojentas e gostosas que já provei! Ahahha…. “Suco” de babosa, chia e um concentrado de chás medicinais. Pra limpar o fígado, disseram. Bom. Isso é bom… Rs…. Mas parece algo entre a baba do alien com chia e boldo.

Mercado n.2 de Surkillo

O mercado n. 2 não é tão pop quanto o primeiro, mas tão ou mais interessante. Mais frequentado por locais, tem muita opção de comidas típicas, muitas barracas de produtos locais e delícias como chicha Morada, refresco de milho roxo cozido, fervido com cascas de abacaxi, maçã, especiarias e suco de limão. A que eu tomei na verdade devia ter alguma coisinha à mais, pois deu uma zonzeira gigantesca…ahahha. Milhos e mais milhos, queijos, frangos com todos os miúdos dentro, cafés peruanos, folhas de coca e muito mais.

Al Toke Pez

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Surkillo pode parecer uma vinte e cinco de Março peruana, mas tem lá seu charme. Além dos mercados que são um espetáculo a parte, digamos que o passeio por ali pode assustar os corações mais sensíveis. Passear por Surkillo pode ser um gosto adquirido. A galera fazendo um churras na rua, nas cilindradas – tambores de metal – e ouvindo alto uma música entre o nosso sertanejo e o bolero ). Antiquários com móveis dourados em construções de conservação quase pós apocalípticas, barracas de frutas, barracas de celulares, barracas denovos de codorna cozidos ( juro )……. e o Al Toke Pez.

Sempre com um amontoadinho de gente na porta, serve comida rápida, boa, barata e fresca. E tradicionalíssima. Pedi um leche de tigre que vem com ( o leite de tigre, obviamente, que é um caldo de peixe cru, limão e muita pimenta ), pedacinhos de peixe marinado, cebola roxa cria, Maiz tostado e choclo, coroado por peixinhos perfeitamente fritos por cima.

Chicha morada para acompanhar, claro.Com certeza um dos melhores ceviches de Lima, servida em uma garagem. Cerca de 4R$ o copinho de plástico de feche de tigre, que vai fazer sua barriga dar pulos de alegria. Ceviche temperado com mão de ouro, servido com maiz tostado, choclo e chicharron. Traduzindo: ceviche com milho tostado, milho branco fresco e pedacinhos de peixe ou frutos do mar empanados.

La Picanteria

No meio do nada, entre os mercados n.1 e n.2, fica a La Picanteria. Super frequentada e com ceviches de altíssimo nível, vale a pena perguntar pelo pescado do dia – nosso ceviche foi um de ouriço do mar e estava de comer de joelhos. As chichas – bebida fermentada de milho – e os piscos macerados com folhas e frutas diversas são também parte obrigatória da parada por ali.

La Sanahoria Tienda Orgânica

Fiquei hospedada em Miraflores. Ao lado, tem o bairro de Barranco, uma Vila Madalena peruana. Cheia de opções fantásticas, boêmias, culturais e gastronômicas. Vale a pena ir a pé ou alugar uma bicicleta para costear a avenida que dá pra praia. Passeio lindo e você aproveita pra queimar alguns ceviches. No caminho para Barranco, uma das lojinhas de produtos orgânicos e naturais que por ali por Lima estão pipocando: la Sanahoria. Queijos, manteigas, conservas, sanduíches, chocolates, o que imaginar. Tudo orgânico.

Las Vecinas Ecobar

Como já era fim de tarde, resolvi começar a night no Las Vecinas. Bar e loja de produtos orgânicos, cardápio 100% orgânico, cervejas artesanais peruanas e piscos macerados. Delícia.

La Bodega Verde

O Bodega verde tem dois endereços: um que fica no museu e outro que fica no Bairro Barranco. O do museu é simplesmente lindo e ainda tem uma carta muito legal de cervejas artesanais peruanas, algumas inclusive orgânicas. O de Barranco não tem bebidas alcoólicas, mas tem menu delicioso, todo orgânico, cafés, docinhos, chocolates e etc. E um ambiente delicioso.

Insolina Taberna Peruana

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Ainda em Barranco, vale passar no Insolina. Comida típica criola repaginada, muito bem feita, e drinks deliciosos. Não pode escapar o Chilcano, que é meio a caipirinha deles, com pisco, ginger ale, limão.

31/8/2016
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