Pé na jaca e rotina
Voltando pra rotina da alimentação do dia a dia, depois de chafurdar o pé na jaca lá em Lima.
Sempre me perguntam como faço para manter o equilíbrio na alimentação – como se o equilíbrio fosse fazer a mesma coisa todo dia. Não, não é. É administrar o bom senso.
Obviamente que quem procura uma alimentação realmente saudável vai buscar isso a maior parte do tempo, e vira rotina. A minha é assim: só orgânicos, só natural, muito vegetal, quase zero de carnes, derivados só de bichos saltitantes de alegres, nada de refinados, sem açúcar, pouco óleo, pouco sal, e por aí vai.
Mas boa parte do meu prazer na vida vem da comida. Do ato de comer em si – sou gulosa assumida – e de todo o em torno na comida. A história, a cultura, o preparo, tudo.
Ou seja, ninguém nunca vai me ver recusando um puta prato tradicional em uma viagem pois ele está fora do meu padrão normal de comida. Pelo contrário. Experimento mesmo de tudo.
Resultado: invariavelmente quando as viagens são longas ou muito intensas, a saúde apita. A pele, a digestão, a disposição, o sono… E claro, a balança.
Mas como tudo é questão de equilíbrio, se passo cinco dias na esbórnia, me alimentando muito mais de história e de cultura do que propriamente alimentos saudáveis, vou passar depois cinco dias dando um descanso pro corpitcho voltar à si: comida leve, legumes e verduras em quantidades industriais, pouco ou nenhum grão, muita sopa, muito suco, muita água, muitas infusões, quase nada de álcool ou cafeína, blá, blá. E jejum.
Cada um tem seu modo de colocar o corpo no eixo. Cada corpo tem uma necessidade diferente e fala de maneira diferente. O lance é saber escutar e dar à ele o que ele precisa. Às vezes ele precisa de história. Às vezes ele precisa de uma receita de família. Às vezes ele não precisa de nada.
E é isso. Depois de um jejunzito de 16 horas, bora botar um monte de legume e tubérculos no forno, com bastante cominho e gengibre, e umas hortelãs. Pra acompanhar, uma sopinha de espinafre e abobrinha. E voilá.