Viagens, Vinhos

Naturebas peruanos: Pepe Moquillaza, vinhateiro natureba.

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Uhuuu! Segundo dia em Lima, vim conhecer Pepe Moquillaza. Sempre que viajo pergunto pra todo mundo ” e os vinhos naturais”?! Todo mundo me respondeu a mesma coisa quando disse que vinha pra Lima: tem que conhecer o Pepe.

O Pepe é o único doido fazendo vinhos naturais no Peru. Ele faz vinhos naturais em Ica, perto de Pisco, a mais ou menos uns 300km de Lima – justamente com uvas pisqueñas, ou seja, que são utilizadas para fazer Pisco. Além disso, usa umas “anforas”, que lá se chamam botijas, da época pré-colonial. Seu tinto e seu laranja são fenomenais.

O laranja dele é o Albita, ali em cima. É. Laranjão natural peruano. Ouviram bem.

Quem disse mesmo que eu não ia encontrar vinho no Peru?! Rsss….. Vinho delicioso de maceração de um mês, cofermentado de Albija e Moscatel de Alejandria.

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Nesse primeiro almoço – impossível não se apaixonar pelo Pepe – ele nos serviu seu laranja, seu tinto e seu pisco, que é uma coisa de outro mundo. Na foto, é Pepe servindo seu pisco, artesanal…. e sim senhor, decantado. É um 2006. A uva é a mesma do vinho que ele faz : a Quebranta – filha de Negra Mole e Negra Criolla ( País ).

No meio do almoço, Pepe nos perguntou se gostaríamos de visitar a produção de pisco e vinhos…. em Ica. Ou seja, trezentos e lá vai cacetada de km ao sul. Como sou doida suficiente pra aceitar, desmarquei  meus compromissos, aluguei um carro … e fomos!!

Trezentos quilômetros ao sul de Lima, saímos de madrugada para escapar do trânsito e do calor – jesus, como faz calor em Ica. Ica faz parte da região que engloba a cidadezinha de Ica e também a de Pisco, centro histórico da produção do destilado de mesmo nome.

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Essas são botijas de argila pré-hispânicas, que eram usadas desde antes da colonização pelos incas, para chichas e água, mas depois dos espanhóis foram usadas para produção de vinho e pisco. Pepe está fazendo seus vinhos nelas, resgatando a tradição local de feitio de vinho. Da mesma maneira, usa as uvas “coloniais”, como Torrontel e Quebranta, que eram uvas usadas antes para a produção de vinhos e mistelas, mas depois foram deixadas somente para a produção de pisco.

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Lá por cerca de 1890, depois da guerra com o Chile, uma igreja local foi incendiada e se perdeu. Os fazendeiros se juntaram para comprar cimento da Inglaterra e reconstruir a Igreja. Mas como sobrou cimento, começaram a fazer fermentadores para pisco e vinho feitos de cimento, como esses.

A fazenda tem mais de 400 anos, e a bodega cerca de 100. Pepe está tentando revitalizar os fermentadores de cimento centenários ( meio em formato de ovos ) da mesma maneira que fez com as botijas de argila, que são usadas desde a época pre hispanica, pelos incas, e que eram utilizadas para chichas e água, mas depois dos espanhóis foram usadas para produção de vinho e pisco.

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Destilação de pisco ( de uva, que leva o nome por causa da cidade de Pisco, que por sua vez leva o nome pelos pássaros que viviam aqui – tipo pelicanos – e que já davam o nome para o povoado inca que já existia.

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As botijas de argila onde o Pepe faz seus vinhos de quebranta – tintos e laranja, o Quebrada e o Albita.

O laranja macera um mês com as cascas, e o tinto, ele faz maceração carbônica.

Na Argentina ele está fazendo vinhos em parceria com Michelini ( Uhuu ) e no Chile… simmm, com Louis Antoine Luyt. Ohhh yeah.

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Latadões típicos da condução das parreiras aqui em Pisco, para produção do destilado. Esse parreiral tem mais de 40 anos, e foi podado agora mesmo. Agosto é época de poda.

Pallares verdes! Produto mais do que local e famoso da cozinha criolla aqui em Ica.

São como favas, regionais, mas o grande lance dos pratos com elas “verdes” são que são colhidas no mesmo dia. Ou seja, você só consegue fazer essas preparações no campo mesmo.

Salada de pallares, picantes de pallares, tudo com pallares.

Viciante. Além desses, experimentamos vários outros pratos típicos da cozinha criolla local, entre eles o tacu tacu, que era uma comida de escravos feitos com…. sim, pallares – mas também todo o resto que sobrava na cozinha, com arroz, tudo misturado e frito numa frigideira. Maomeno uma paella peruana, por assim dizer.

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Quebrada de Ihuanco! Vinho tinto de Pepe Moquillaza, com a uva Quebranta, “pisquenha”. Ele faz maceração semi carbônica e vinificação natural. Não interfere na vinificação, e deixa tudo correr naturalmente. A safra de 2015, por exemplo, ficou com um tico a mais de açúcar residual, totalmente diferente da 2014.

O mais legal é que boa parte dos grandes restaurantes de Lima tem os vinhos do Pepe na carta. Uhu!!

Pra finalizar a viagem à Ica, Huacachina, vila construída em volta de um Oásis no deserto de Ica. Um oásis. Mesmo. E em volta dele se construiu uma vila, pequena e charmosa, cheia de mochileiros bares. O entardecer nas dunas e a lua ( hoje estava cheia ) são espetaculares por aqui. Lógico, tudo isso com um pisco na mão.

12/9/2016
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