Policultura & Monocultura…
O que tivemos até o século XX como modelo agrícola, desde que o homem teve a idéia de “domesticar” as plantas para o seu consumo, era um modelo de policulturas. Propriedades pequenas e médias, culturas mistas de espécies vegetais e animais, subsistentes, fundamentadas em trabalho manual, técnicas de cultivo e processamento tradicionais, manejos orgânicos e escala humana. Isso foi o modelo agrícola básico por muitos séculos: aquela fazendinha de filme antigo mesmo, onde os donos plantam o que comem, vendem o excedente ou uma pequena produção focada em algum alimento específico – queijos, por exemplo – onde se criam animais para abate e para adubo, tem o vizinho ali do lado que faz a geléia, rola meia dúzia de galinha pra ovos e o que não se produz se compra na mercearia do bairro, onde o consumo e as trocas de produtos são locais.
O que temos nos dias de hoje como modelo agrícola são grandes propriedades de monocultivo ( soja, milho, arroz, algodão, gado, galinhas, peixes, frutas ) com objetivos comerciais, baseadas em trabalho mecanizado, fertilizantes artificiais e agroquímicos. O campo deixou de ser lugar de pequenas propriedades subsistentes para ser lugar de grandes propriedades agrícolas industriais.
Mas como isso aconteceu? Não foi de uma hora pra outra, e temos todo um século de transformações radicais na maneira de viver e de nos relacionar para explicar essa mudança. São vários os fatores históricos, econômicos e sociais que influíram numa mudança tão radical da paisagem agrícola.
As mudanças foram tão radicais e causaram uma lavagem cerebral tão grande no mundo que chamamos hoje de agricultura convencional esse modelo de agricultura industrial – mas que se está em uso a apenas pouco mais de meio século. É o que a nossa geração e a geração de nossos pais considera “normal”, por mais que durante a maior parte da história tenhamos produzido e nos alimentado de outra maneira. Esse modelo industrial, baseado em grandes monoculturas, fertilizantes químicos & agrotóxicos se consolidou na década de cinquenta, com a chamada revolução verde, após a segunda guerra mundial. Mas muitas coisas aconteceram até chegarmos aí.