Flores de Ipê Amarelo
Essa semana foi vez dos ipês-amarelos de Sampa pipocarem pelas ruas. Pra todo lado que se olhe tem um amarelinho pintando o ceuzão azul. Aqui, na Enoteca, a gente também usa essas flores na cozinha: temos um Ipê lá na nossa horta e, sim…. flor de ipê-amarelo se come.
As flores tem textura suculenta e sabor amarguinho. Além de lindas, dá pra rechear como se fossem flores de abobrinha, servir abafadas ou refogadas, cruas em saladas, em arrozes, pastas, caldos, compotas. Ainda não sabemos o que vamos fazer com elas aqui na cozinha essa semana, mas com certeza entrarão no cardápio. Pode fermentar no mel, fazer geléia, refogar com alho e azeite, rechear e empanar como se fosse flor de abobrinha, desidratar para fazer infusão, murchar no arroz, fazer pesto, cristalizar, fazer salada….
Ah sim! O ipê também tem várias propriedades medicinais: para inflamações, infecções, dermatites, febres, anemias, verminoses, e age até mesmo como antigripal e antibiótico. Claro que dependendo das partes que utilizamos da planta ( raiz, casca, brotos, flores ), temos efeitos diferentes e indicações também diferentes.
Vale a pesquisa. Embora muita gente não saiba, a flor do ipê se come e é deliciosa. A própria árvore em si é velha conhecida por suas propriedades medicinais.
Entrecasca, raiz, folhas e flores tem ação febrífuga, cicatrizante, antidiarreicas, antigripal, anti-inflamatórias e anti-infecciosas, antisséptico, depurativo e analgésico, além de auxiliar em muitos problemas de pele. As flores maceradas com mel e água morna ajudam em inflamações da garganta, boca e gengiva, é usada em anemias e verminoses, febres e diarréia.
Plantas são assim mesmo, no fim você acaba sempre com uma lista gigante de todas as “propriedades medicinais”, e parece complicado saber o que “serve” pra que. Mas a natureza não pensa no que serve ou no que não serve pra determinada coisa – isso é pensamento humano que procura “utilidade” em tudo, e vê o grão de areia ao invés de ver a duna.
Então o lance é relaxar e parar com essa mania de achar que planta é remédio, como se fosse pílula. Não é. Se você incluir muitas plantas, flores e ervas frescas, saudáveis, de solos vivos, colhidas na estação, da maneira que você quiser ( em infusões, em decocções, em saladas, em refogados, como tempero, como tintura, como suco, o que seja )….. a probabilidade é que você acabe com um organismo tão equilibrado que nem precise pensar em ‘remediar’ qualquer desequilíbrio.
Mas sim, quando eles surgem, até porque nossa vida é muito doida e afastada do nosso estado natural de saúde, elas estão aí para “remediar” isso também, e trazer a gente de volta para o eixo.
Essa é uma das grandes razões para ingerir muita coisa do reino vegetal, e dar preferência àquilo que nasce espontâneo e na época. Você come esse alimento no melhor momento e ganha de presente também todos os melhores benefícios, de sabor à nutrientes.