Anavilhanas, Amazonas.
De Manaus para o Parque Nacional de Anavilhanas são cerca de 3h30 de carro ( isso porque agora tem uma ponte no lugar da balsa antiga, que adicionava mais 1h no rolê inteiro ).
A maior parte dos passeios e hotéis estão aqui por Novo Airão – que dá pra ser acessado por barco, claro, mas numa viagem de 9 horas pelo rio. O que eu vou fazer da próxima vez com certeza.
Desde 1981 o Parque existe como unidade de conservação e é patrimônio mundial da Unesco.
Pudera. É um bioma pra lá de específico, em um arquipélago de 400 ilhas, igapós, botos rosa, tucuxis ( parente do golfinho ), jacarés, bacuraus ( é um passarinho ), macacos, preguiças, cobras e centenas ( provavelmente milhares ) de espécies vegetais.
Extração de madeira e mineração são proibidos, mas a caça e a pesca são permitidas para populações tradicionais caboclas e ribeirinhas.
A porção fluvial do parque abrange mais de 400 ilhas e 60 lagos, com aproximadamente 130 km de extensão e em média 20 km de largura -, o que representa 60% da unidade, enquanto a porção de terra firme representa 40%, em um total de 350.469,8 ha (3.504,70 km2).
O parque fica aberto o ano inteiro, mas “muda” conforme as estações. Na cheia se embrenhar pelos igapós, na seca aproveitar as praias que “aparecem” na margem.
Ver os animais noturnos com focagem ( jacarés, pássaros, preguiças, cobras ), procurar botos e tucuxis em seu habitat natural parque adentro de barco, se enfiar nos igapós no meio da chuva, canoar pelos igapés, fazer trilhas na selva, visitar as comunidades ribeirinhas. Isso tudo numa sempre constante inundação de paisagem, de água, de chuva, de céu, de mata, do barulho dos bichos, dos bichos daqueles que a gente nunca ouviu na vida é só leu ou viu em filme.
Chavão dos chavões, ser brasileiro e não conhecer a Amazônia é realmente um pecado. Eu mesma nunca tinha vindo, e a sensação é que foram 38 anos de oportunidades perdidas para conhecer mais disso aqui.
Ah. E por conta do PH diferentoso do Rio Negro, que é uma enorme garrafada milenar de ervas “lavadas” da selva água adentro, por aqui não existem pernilongos ( aqui chamados carapanãs ) 🤟🏻. O que facilita bastante da vida 😅.
Aqui em cima, dia de canoagem no Igarapé, na chuva. Afinal, como todo mundo diz, vir pra Amazônia e não pegar chuva não é vir pra Amazônia…
( e vou dizer, com esse calor, qualquer chuvinha é bem vinda 😅 )
Agora, Setembro, já estamos na época da seca, e muitos dos Igapós e Igarapés que passamos por aqui, já já, vão secar. São vários centímetros que baixam todos os dias.
( eu na pesca de piranha, sem piranha, mas com leque pra tentar espantar o calor…. kkkk bota uma vegetariana no rolê da pescaria, dá nisso: em nada! )
Mas voltando ao ponto….. vir pra Amazônia e não pegar chuva é não vir pra Amazônia.
Você escuta isso por aqui em todo lugar, e é verdade.
Mais do que o verde e amarelo do sol na selva, a Amazônia me parece mostrar sua força pela água, seja ela de rio, de chuva, seja a água que percorre a terra, as nuvens ou as plantas.
A Amazônia é água em todos os estados possíveis desse elemento, e é fácil ouvir os deuses dos raios, dos trovões, das chuvas e das tempestades fazendo a festa lá em cima, enquanto as entidades e forças dos rios e das matas brincam nas ondas e no respingo das folhas.
Mesmo durante um dia ensolarado, o estrondo das trovoadas cortam a paisagem a todo o tempo. Em algum lugar, chove.
Aqui, travessia de uma ilha a outra bem no meio do parque Anavilhanas, por um igapó.
Um igapó é um canal de uma floresta inundada ( e que você consegue passar de barco só nas cheias ).
Igapó + chuva é água em cima de água, e uma das experiências mais emocionantes da viagem: é a reafirmação, ali bem na sua cara, da importância de mantermos vivas e de pé as florestas.
É. A Amazônia com sol é linda. Mas a Amazônia na chuva é de arrancar temporal dos olhos.