A história da sidra.
Onde surgiu a maçã?
A origem da maçã é incerta, mas muitos apontam as fronteiras da China , Cazaquistão e da Rússia como pátria mãe. Aliás, Ama-ata, capital do Cazaquistão, significa “pai das maçãs”. As frutinhas estão presentes, ana sua forma silvestre, em arte pré- história desde 35000 AC, e resquícios de maçãs carbonizadas foram encontradas na Anatólia, com idade por volta de 6500 AC, e entre a Suíça e a Itália, por volta de 2000 AC.
História da sidra:
A sidra já era consumida desde a Antiguidade por vários povos: os hebreus a chamavam de chekar, os egípcios e os gregos de sikera – palavra emprestada das anteriores – e os romanos que a chamavam de sicera – também uma cópia da palavra grega.
Interessante notar que, na realidade, esses diferentes termos não designam especificamente cidra, mas todos os tipos de bebidas fermentadas. O hebraico śēkār, mal transcrito em chekar, significa “licor forte, licor venenoso” e é derivado do verbo śākar “beber em excesso até o desconforto”.
O primeiro “vinho espumante” a ser mencionado em manuscritos franceses, pasmem, não era de uva, mas sim, de maçãs. A primeira menção de sidras na Normandia foi por volta de 1080. No Pais Basco, um guia do século XII já informava aos peregrinos a caminho de Santiago de Compostela que a região oferecia maçãs e sidras em abundância. Embora as duas regiões continuem brigando pela origem da sidra, provavelmente ela “surgiu” quase que ao mesmo tempo em ambas. Do ponto de vista linguístico, parece que a palavra sidra latina foi emprestada do francês antigo, sider, sugerindo uma origem francesa anterior à origem basca. Mas são apenas suposições. Os bascos, de qualquer maneira, foram os responsáveis por expostas a bebida para o Mediterrâneo.
No início da Idade Média, hospedarias e mercadores vendiam uma espécie de sidra chamada em latim medieval “succus pomis” ou “pomatium” feita de maçãs silvestres trituradas e diluídas com água, bebida consumida na escassez de cereais – cerveja – ou vinho.
Em 1371 a quantidade de sidra vendida na cidade de Caen já era a mesma da de vinho e cerveja, com navios “exportando” o excedente para a capital, Paris. Durante a guerra dos 100 anos entre a França e a Inglaterra – 1337, 1453 – a sidra teve taxações altíssimas. Mas nos anos seguintes, voltou a ser consumida vastamente nos territórios de ambos os países. Mas o consumo dessa bebida atingiu seu pico mesmo foi na Espanha, no final do século XIV, superando até mesmo o consumo da cerveja.
Ave Cesar.
A primeira referência que temos sobre as sidras vem do período romano. Em 55 AC Julio Cesar conquistou a Grã Bretanha e encontrou os povos celtas fermentando avidamente maçãs para fazerem bebidas alcoólicas. Asterix com certeza presenciou isso. Várias variedades de maçãs que foram introduzidas na atual França parecem ter origem inclusive nesse período, levadas pelos romanos. Mais importante do que isso, foram os romanos que introduziram as técnicas de pomares e cultivo por enxertia – idéia roubada dos gregos e dos sírios. No norte da Espanha a cultura da sidra também já existia nessa época.
No século 2 DC os romanos reportaram oficialmente a existência de diversos “pommorum” elaborados pelos povos europeus nos domínios do império, elaborados de diversas frutas e “frequentemente superiores ao vinho de uva”. Com o fim do império romano, felizmente as técnicas de cultivo sobreviveram – graças, em boa parte, aos monges agricultores, que continuaram cultivando frutas, maçãs e pêras em seus monastérios.
Bebida da moda:
As bebidas sempre alternaram seu status na história. A sidra já foi considerada bebida nobre, bebida da moda, e depois, bebida “caipira”. No século XVI, em partes da Normandia, por exemplo, a cerveja de grãos era a bebida do povo e dos criados, mais barata e mais comum, e a sidra era considerada uma bebida luxuosa reservada aos senhores, tal como os “champanhes de pera” feitos por ali também. No século 19, a cidra era a segunda bebida mais consumida na França e em 1902 foram produzidos 647 milhões de barris de sidra no país ( sem contar o que os agricultores e fazendeiros faziam para consumo próprio ) – embora nos seguintes séculos sua reputação e qualidade tenha sofrido muito com a industrialização massiva das bebidas e dos alimentos, até no século XXI ser apenas uma bebida “sazonal do campo”, sem muito refinamento ou destaque no mercado ( cenário que mudou apenas na década de 90 ).