Ervas & Plantas, Viagens

Escola de Espagiria de São Gonçalo do Rio das Pedras | MG

É em São Gonçalo que estão Ana e o Índio, da Escola de Espagiria. Eles são referências absolutas no tema aqui no Brasil, com um trabalho seríssimo de mais de década no assunto ( foram eles que trouxeram a Espagiria da Europa pra cá ). Hoje em dia ensinam, tratam a comunidade, fazem medicinas e estudam, trabalham, traduzem, trabalham, estudam, destilam, se aprofundam.

Não espere bater na porta e ser recebido pra fazer um tour caso você só queira “conhecer”. A escola é uma escola, não é ponto turístico, não é lugar pra tirar selfie com destilador, e eles estão certíssimos em manter essa postura. A gente vive num mundo onde tudo se torna replicável, superficial e “da moda”. Não é à toa que tem tanta gente falando besteira sobre Espagiria, confundindo com alquimia ou achando que “serve só pra fazer seu próprio óleo essencial em casa”.

Meu interesse em fazer os cursos são pra, em primeiro lugar, aprender. Gosto da idéia de existirem assuntos tão amplos que você pode ser aluno a vida inteira – e a Espagiria é um deles.

Além disso, trabalhar com o universo vegetal, as medicinas, as fermentações e destilações, acompanhar os espíritos e as almas das plantas, entender mais da interação dos astros e dos arquétipos e das forças naturais sempre me pareceu bastante, digamos… a minha praia.

Daí vem gente já achando que é só adotar um gato preto e comprar uma vassoura que você está fazendo Espagiria.

Não, não. Ao contrário do que muita gente imagina, Espagiria está longe de ser urucubaca. Aliás, antes de se chamar Espagiria, sabe como essa ciência era conhecida? Como química.

Paracelso, sim, aquele médico famosooo, por volta de 1500, é que começou a usar o termo Espagiria.

E não sou eu que digo isso não. Copiei e colei. Até porque acabei de completar meu primeiro curso aqui na Escola e longe de mim “definir” o que é Espagiria.

Tudo isso está no próprio site da Escola, e vale a pena dar uma fuçada por lá para quem se interessar.

O que é Espagiria?

“Extrair aquilo que é Divino “

A Espagiria é uma ciência que antigamente foi chamada de Química.

Com o tempo a Química foi se tornando sempre mais Positivista, assim como também a humanidade foi se tornando mais positivista.

Dos gregos aos romanos a medicina se tornou muito mais material e depois, no Renascimento, nasceu a Química que conhecemos hoje em dia. Então, diz-se que a Espagiria é a avó da Química. (A Alquimia é de tal forma Espiritual que foge dessa possibilidade do Positivismo).

A palavra Espagiria nasce em 1500.

Antes disso ainda não se tinha ouvido falar e ela aparece em alguns livros ou cartas de alunos de Paracelso ou de alunos de alunos. Estes alunos dizem que essa palavra foi inventada por Paracelso.

Antes disso, a Espagiria se chamava Química; e muitos autores continuaram a chamá-la Química (por exemplo Lefèvre).

Um autor, dentre o que citam o termo Espagiria (originalmente Spagiria), disse que Espagiria vem da união de duas palavras gregas que são: spao e agheiro.

Spao, significaria dividir, separar e agheiro, significaria reunir e daí, o termo deveria significar Solve et Coagula.

No entanto, Paracelso não conhecia o grego, provavelmente conhecia pouco e mal o latim, falava e escrevia em línguas vulgares e as vezes nem mesmo escrevia, mas ditava.

Ditava a algum aluno que depois escrevia na língua que queria. Às vezes ditava em alemão e o aluno escrevia em latim. (Ler os escritos de Paracelso sabendo disso é muito mais fácil porque se entende que uma transcrição de uma coisa que foi dita nunca é como uma que foi escrita).

Além disso, provavelmente o aluno também conhecia pouco e mal o grego, pois, nunca se forma um neologismo unindo dois termos gregos quando o primeiro termina com o e o segundo começa com a sem criar no meio uma nova vogal.

Então, se se une spao e agheiro, forma-se spaeghiria, ou spaighiria – com uma vogal no meio.

Mas se diz Spagiria e é assim que se escreve, então, provavelmente não são esses os termos originais.

Além disso, spao, não significa dividir; significa arrancar, tirar, puxar para fora e portanto, não é dividir, mas extrair/puxar.

O segundo termo, se unidos nessa forma, sem a vogal, poderia ser por exemplo, “geros” ou “geras” que significam “ancião”, que quer dizer, sábio, por ser pleno de conhecimento e experiência. “Geros” era também o presente Divino que era oferecido a Deus durante o sacrifício. “Geros” portanto, quer dizer também, Divino.

Assim, se for esta a palavra, Espagiria significa “Extrair o presente de Deus”, “Extrair o dom de Deus”; extrair o que tem de sagrado naquela substância ou o que tem de mais antigo e o que tem, de mais antigo é o Arquétipo, logo, a própria divindade.

Assim, Espagiria é Arte de extrair as Qualidades Divinas, Arquetípicas que se exprimem através do indivíduo (a planta, mineral, etc…)

(Texto do site da @escoladeespagiria | extraído das aulas de Stefano Stefani,
São Gonçalo do Rio das Pedras, 2013)

1/6/2022
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