Aluá.
Essa semana também estou testando aluá de milho, em várias versões ( pois existem registros de várias receitas por aí ).
Como sempre repito, aluá é brasileiríssimo e carrega toda essa nossa mistura de etnias e culturas junto.
Aluá é o nome dado pelos africanos escravizados, aqui no Brasil, para algumas bebidas indígenas que já eram feitas por aqui, como os fermentados alcoólicos de milho, de abacaxi e outras frutas.
A adição de rapadura, para “deixar a fermentação mais forte” também é da mesma época, por conta dos engenhos de açúcar.
Essa bebida de milho fermentada é também conhecida como Cauim pelos indígenas. Cauim e caxiri eram nomes indígenas dadas a uma série de bebidas fermentadas de raizes, grãos e frutas.
( sim, os nomes e preparações vão mudando ao longo da história, uma coisa vai se transformando na outra, e existem muitas intersecções interessantes no meio disso tudo )
Os cauins que os tupinambás faziam, por exemplo, nos rituais antropofágicos, eram de mandioca insalivada. Os cauins que os guaranis faziam eram de milho verde, no sudeste, pra deixar as pessoas e as crianças mais “tranquilinhas”. Já os Araweté, no norte do país, faziam a mesma bebida mas com os grãos de milho secos, cozidos, e também mastigados.
Outras bebidas feitas com frutas também eram conhecidas, mas as razões do aluá ter ficado ali no milho e no abacaxi, desconheço.
Já ouvi relatos de aluás de milho com rapadura, aluás de milho com abacaxi, aluás de abacaxi com rapadura. Milho tostado, milho verde, milho meio tostado meio seco. Adição ou não de gengibre, mas isso nos mais modernos. Especiarias também.
Aluás de outros ingredientes também são feitos, como o croatá no Rio Grande do Norte e diversas outras frutas, debaixo desse guarda chuva genérico que o nome aluá nos remete.
Mas em linhas gerais, tradicionalmente, é feito em potes de barro, com fermentação espontânea e rápida ( alguns dias só ), e variam entre milho e abacaxi.
Dá pra fazer em casa, em fermentador, em pet, em pote. É saudável, barato é uma delícia.
