Casa do Monjolo
Esse fim de semana fomos ao I encontro de Bandeiras da @casadomonjolo – uma baita festança dedicada aos Santos Reis, uma homenagem às tradições caipiras remanescentes dos nossos interiores.
Eu sou suspeita, mas já sou fã do trabalho do Rafa ( @rafa_bocaina ) e do Joãozinho ( @queijaria_santo_antonio ) faz anos. Rafa cria porcos de raças antigas e faz algumas das melhores charcutarias artesanais desse país ( a @curiango.art ). O Joãozinho elabora queijos de leite cru e mofo selvagem, ainda raros nesse Brasilzão de Deus.
Além dos projetos individuais, são compadres, amigos, vizinhos de cidades e decidiram, ano passado, abrir um restaurante rural para louvar a culinária, cultura e tradições caipiras, tão ricas e tão esquecidas por nós mesmos ( todos caipiras também, de certa forma ).
O nome da casa já diz tudo: casa do Monjolo. E não é só um nome poético, é literal. Ali antes tinha um monjolo, construído por Joãozinho, e o restaurante surgiu no entorno desse símbolo da tradição caipira, desse pilão movido pela força das águas, pilando mandiocas, milhos, cafés, nos lembrando da nossa história, dos produtos da terra, das nossas memórias afetivas.
Bolinho caipira de fubá de milho crioulo ( da Dona @_martanoronha_ , grande guardiã de sementes e agricultora ecológica ), quiabos empanados, arroz de suã, feijões crioulos que eles mesmos cultivam, arroz de leite com abóbora, mané pelado de mandioca, doce de leite, queijos, curados, linguiças artesanais, leitão assado, jurubeba, groselha, cachaça artesanal, angú, pirão de carne, torresmo, porco na lata, feijão gordo, pão de milho crioulo, banha de porco, farofa de orelha, arroz doce, ovo caipira.
O menu aparentemente simples é de um requinte extremo: ingredientes de origem, valorização dos produtores locais, histórias, causos.
Rafa e Joãozinho são dois gigantes fazendo um trabalho de resgate cultural e alimentar em um país onde isso ainda é movimento de resistência. Bater no peito e brindar ao orgulho de ser caipira ainda é para poucos.
Como bem disse Jung, “ é frequentemente a perda de relação com o passado, a perda das raizes, que causa um tal ‘mal-estar’ na civilização”.
É isso.
Pra ver o vídeo do final de semana: aqui.