Vinho de jabuticaba nas missões jesuíticas?
Não, vinho de jabuticaba não é coisa moderninha de hipster natureba.
( se bem que nosso clarete carbônico tá fazendo sucesso lá na @enotecasaintvinsaint )
Nossos indígenas já recebiam os missionários jesuítas, no século 16, debaixo de árvores frondosas com rodadas etílicas desse fermentado de fruta. E reza a lenda que na época as jabuticabas tinham tamanhos de limões. Pois é.
Aliás, pra quem fica me enchendo paciência com a história de que “não pode chamar vinho de jabuticaba de vinho”, culpem o Cabral.
Sim, pois foram eles – e não eu – que rebatizaram uma série de fermentados ancestrais, com nomes e simbologias diversas, de “vinho” e “cerveja” de. Então numa dessa o cauim virou cerveja dos índios, o nanavi virou vinho de abacaxi, e por aí vai. Eram milhares de bebidas alcoólicas por toda América Latina.
Obviamente que esse “rebatismo” não foi impune. Com ele, muitos conceitos atrelados às bebidas também foram soterrados. Quando nomeamos algo de acordo com nossa língua e cultura, automaticamente impomos nossa visão de mundo ao objeto renomeado.
Boa parte da colonização se baseou nisso, afinal. E ressoa até hoje. Não à toa muito sommelier hoje sabe todas as regiões de vinho da França de cor, mas tem vergonhazinha de vinho de fruta. Muitos sequer conhecem.
Pra todos terem um momentinho nerd em relação à isso, separei aqui nesse vídeo alguns livros que tratam sobre essa história esquecida dos fermentados alcoólicos ancestrais do Brasil e América Latina. Vale a pena. Abre muito a cabeça. Nossa história alcoólica é linda, rica e muito pouco explorada. Ou vai precisar vir um gringo pra cá pra abrir o olho do povo, e começar a servir vinho de cajú na Dinamarca?
Cri-cri-cri.
Tá. E pra fazer em casa? Sim, também dá. E tá todo mundo cansado de saber que fizemos até um vídeo/ série sobre isso. Nosso curso on-line de como fazer birita em casa está no ar, comigo e com os meninos da @ciadosfermentados : a gente ensina como fazer vinho de uva, de fruta, sidra, hidromel, aluá. Tá tudo lá na plataforma do Criado Solto ( link no perfil da @criadosolto_ ).