Queijos vegetais de castanha fermentada.
Ok, preciso confessar que, em primeiro lugar, tenho um pãtza preconceito com o nome “queijo” vegetal. Me parece aqueles pratos suspeitos tipo tiamissú de abobrinha, caviar de tapioca ou steak de beringela. ⠀
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Não sou a favor de tentar “adjetivar” uma coisa com outro nome, para ela parecer mais gostosa. ⠀
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Obviamente que existe o apelo comercial. Uma “grossa fatia de beringela grelhada” não tem tanto apelo num restaurante quando um “steak” de beringela. Mas não gosto. Pra mim é mais uma maneira de desvalorizar o reino vegetal e seus infinitos preparos. Chama pelo nome e pronto, ué. ⠀
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Ponto a esclarecer: não sou vegana, não sou crudívora, se for pra definir alguma coisa nessa vida ( e pra quê, também, né? ) eu sigo uma dieta à base de vegetais, mas como ovos das minhas galinhas e derivados de leite quando conheço a procedência. Não tenho nenhum ranço com qualquer falange dietética ou ética… o que não me impede de circular pelos mundos alheios e pegar receitas por aí que se adequem ao meu gosto e aos meus conceitos de alimentação. ⠀
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O tal do queijo vegetal entra aí. ⠀
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Embora eu tenha preconceito com o nome “queijo vegetal”, existem em muitas culturas pastas, cremes e molhos à base de castanhas fermentadas. ⠀
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Castanhas são ótimas fontes de bons óleos e nutrientes ( devidamente demolhadas, fermentadas ou germinadas ), e a fermentação… bom, nem se fala. Estamos aqui cansados de saber os benefícios dos alimentos fermentados. ⠀
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Então, preconceitos nominais à parte ( vou chamar de PASTA de castanhas fermentadas, não quero nem saber ), hoje foi dia de reproduzir uma receitinha que aprendi com a Cris ( @cruditoraw ), cozinheira de mão cheia especilizada em receitas crudívoras de base vegetal. Aliás, vale a pena conhecer seu trabalho e também sua história de vida – uma verdadeira aula de como a alimentação pode, muito além de apenas manter a saúde, realmente reverter e curar doenças.⠀
Segue aqui receitinha simplificada da pasta de castanhas: ⠀
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– 200g de castanha de cajú⠀
– 2 colheres de algum start pro troço começar a fermentar e ainda dar um gostinho ( água do chucrute, rejuvelac, missô, kefir de água, água de kimchi )⠀
– água⠀
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É só bater tudo no liquidificador, até ficar bem batidinho, e depois coloca num pano pra “sorar”. ⠀
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De um dia pro outro, à temperatura ambiente, essa pasta vai drenar e também…. voilá, fermentar. ⠀
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Se você coloca na geladeira ela continua depois fermentando igual, mas bem mais lentamente. É interessante pois ela vai ganhando complexidade e também “infla” por conta das bolhinhas de gás carbônico que saem da fermentação… então a pasta fica com uma textura deliciosa. ⠀
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Depois que sorou e fermentou, você pode colocar sal, pode colocar temperos ( de preferência secos, para não zoar a fermentação ), e depois que pega a manha, pode ajustar as texturas, os sabores, e tem uma galera que deixa até desenvolver mofo como se fosse queijo mesmo. Mas daí é um lance mais profissa. ⠀
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Eu, em casa, faço meus potinhos de pasta e depois vou comendo com tudo. Com cenoura crua, com mel, temperado pra colocar na panqueca de manhã. Dá uma saciedade do cão ( até tenho que tomar cuidado para não ficar com aquela sensação de que comi demais ) e é saudável até dizer chega. Não é todo mundo que gosta do sabor azedinho, mas qualquer um que curte o mundo dos fermentados vai gostar. Dependendo do start que você usa, o gosto fica diferente. ⠀
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Tem gente que coloca levedura nutricional, mas eu prefiro deixar por conta das leveduras selvagens mesmo. Esse negócio de queijo vegetal com gosto de bacon pra mim é muito estranho. ⠀
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Se você deixar essa pasta mais densa pra ficar tipo um queijo mesmo, e não colocar num pote, com o tempo ela vai criando uma casca, e dá pra cortar com a faca. Senão, fica cremosa. Pra ficar mais cremosa ainda, pode colocar até algum óleo pra bater junto. Vale misturar castanhas também, claro.
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