Mamão verde e flores de mamão.
Mamão verde
Nem só de cozinha vive o mamão verde. Existem muitas propriedades terapêuticas dele que acabamos não usando: o látex que escorre, por exemplo, é um ótimo cicatrizante para feridas na pele, e ingerido, é digestivo. As folhas também podem ser usadas como digestivo – uso interno – e cicatrizante – uso externo, além de figurarem como agente branqueador em receitas de sabão caseiro. As sementes do mamão são usadas como purgante e como anti-parasitas, e a infusão das flores induz à menstruação e pode ser usada em xaropes para a gripe. A decocção do fruto maduro ajuda a tratar diarréias em crianças e o fruto maduro cru é levemente laxante. Pouca gente aqui usa mamão verde como “legume”, mas na Ásia , por exemplo, é normal. Dá pra ralar no ralo grosso e fazer salada, dá pra usar refogado como se fosse chuchu ou abobrinha, dá pra cortar e cozinhar num curry, num cozido de vegetais, grãos, etc. Fermentação lática dele fica interessantíssimo, como fazemos com pepinos, e fazer doce também é sempre uma ótima opção: com açúcar, especiarias e tempo de panela.
Xarope de flor de mamão, guaco e hortelã graúda.
Xarope de flor de mamão macho, hortelã graúda e guaco: para gripes, resfriados, tosse, muco, problemas respiratórios em geral como asmas e bronquites, “ites” das mais diversas, alergias. Pode ser usado como expectorante, antiinflamatório, antioxidante, enfim. Combo completo para os males de inverno. Os xaropes são amplamente usados na medicina tradicional e também na medicina ocidental mais “moderninha”. É uma solução aquosa de sacarose com a substância ativa em questão. Além do açúcar ajudar a preservar os componentes ativos das plantas, pois ele por si só é um conservante, também é uma ótima forma de facilitar a ingestão de quantidades concentradas de compostos medicinais, que, como o próprio nome diz, na maior parte das vezes tem gosto e cheiro de … remédio. A criançada que o diga.
Hortelã graúda, do norte, hortelã gorda, hortelã-da-folha-grossa, hortelã-da-folha-graúda, borage, hortelã-da-bahia, malva-do-reino, malva-de-cheiro, malvaísco, malcariço, malva-santa, é meio que um parente do boldo. Plectranthus amboinicus para os íntimos, é antifebril, anti-inflamatória, antibacteriana, anti-séptica, indicada para bronquite, asma, gripe, dores de ouvido e cabeça, rouquidão, coriza, hemoptise, pirexia, hipertermia, e tem propriedades antibacterianas e expectorantes. Pode ser usada também como descongestionante das vias aéreas, inalando o vapor de sua infusão, e tem efeitos digestivos quando ingerida em forma de tempero ou chá.
A flor do mamoeiro macho é outro dos ingredientes mágicos desse xarope. Também é um velho conhecido das curandeiras e médicos tradicionais de plantão, por suas propriedades contra tosses, problemas respiratórios, gripes, alergias, rouquidão, resfriados e afins.
O guaco ( Mikania glomerata ) é um clássico do inverno. Coincidentemente também o chamam de erva de bruxa – e nossos índios brazucas já usavam à rodo por aqui, principalmente para tratar veneno de animais peçonhentos. Na sua utilização invernal, é ótimo no combate e prevenção da asma, bronquite, pigarro, rouquidão. É broncodilatador, antitussígeno, expectorante, tem ação tônica, depurativa, febrífuga e antigripal, além de aliviar inflamações na garganta quando usada como gargarejo. Reza a lenda que também alivia o sentimento de solidão e abandono.
Pra fazer esse xarope, fervemos as folhas de hortelã graúda, guaco e flores do mamão em água, até murchar. Coamos o líquido, depois misturamos com açúcar mascavo ( uma proporção de 1 xícara de açúcar para 3 de líquido mais ou menos, e reduzimos até ficar em ponto de calda. Quando amorna, é só colocar em potinhos de vidro e guardar. Um cravinho ou um pau de canela ajudam a aromatizar e ainda adicionam ainda mais coisas boas ao xaropinho caseiro.