O álcool fermentado e o álcool destilado.
A história da destilação começa no oriente, passando pela perfumaria, pela alquimia e pela medicina, até chegar no que conhecemos hoje como uma bebida alcoólica. Uma longa linha do tempo liga alquimistas, perfumistas, médicos, espagiristas, curandeiros, donos de bar e destiladores.
Em primeiro lugar, temos que lembrar como se forma o álcool: ele é uma substância de origem microbiológica, ou seja, depende de microorganismos para existir. Não existem reservas de álcool naturais no planeta. A fermentação alcoólica ocorre de maneira espontânea, quando leveduras ( fungos ) transformam o açúcar em álcool, liberando energia e gás carbônico. Essa é a equação responsável pelo nascimento de todo e qualquer vinho, seja de uva ou de outras frutas : açúcar + levedura = álcool + gás carbônico + energia. A mesma reação de fermentação alcoólica ocorre no mel misturado com água, dando origem ao hidromel, e em coisas que nem imaginamos que exista fermentação alcoólica, como nos pães.
Embora o álcool formado pela fermentação alcoólica tenha origem em um fenômeno espontâneo, liderado pelas leveduras de maneira natural, o álcool formado pela destilação é resultado da técnica, arte e conhecimentos humanos, mesmo que baseados nos fenômenos naturais de evaporação e condensação, por exemplo.
A destilação do álcool tem origem na tradição alquímica do Egito, Mesopotâmia e na China antiga. O “espírito” dos elementos era retirado, purificado e depois utilizado em preparados diversos. Foi somente depois do século 14 e 15, com o domínio do Império Otomano na Europa, que a destilação se popularizou no continente e passou, pouco a pouco, de medicina à bebida alcoólica. O termo “acqua vitae”, empregado até hoje na produção de bebidas alcoólicas e presentes em muitas legislações, tem origem nessas primeiras bebidas espirituosas apresentadas pelos otomanos aos europeus, um “elixir da vida” que restaurava a saúde e trazia inúmeros benefícios médicos.
Curioso que as próprias palavras álcool e o alambique, que chegaram até o português, derivam da mesma história e origem oriental: ambos começam com o prefixo al, tipicamente árabe. Alambique é do Árabe al-anbiq, “aparelho para destilar líquidos”, e o álcool veio de al kohl, “o fino, o volátil“. Já nome “espírito” vem da própria alquimia, pois se acreditava realmente extrair o espírito da matéria durante a destilação em álcool, da mesma forma que os óleos essenciais eram a alma e os sais, o corpo.