Vinho de rosas
Vinho de pétalas de rosa. Rosas que eu cultivo aqui em casa, e sim, vinho.
Nós podemos chamar de vinho qualquer mosto em fermentação, de acordo com a química, com a espagiria, com a alquimia e com mais de 10 mil anos de história que nos provam que a palavra “vinho” não tem relação com “videira”.
Esse aqui é um vinho que fiz para ser destilado depois.
Filosoficamente, no álcool, que é volátil e procura o céu, a ascensão, o divino, está o espírito daquela matéria. Por isso chamamos os destilados de bebidas espirituosas, de espíritos. Vem da tradição alquímica, que virou medicina, que depois virou birita.
Nesse caso, pela primeira vez na vida fiz uma fermentação não espontânea. Usei leveduras selecionadas e açúcar para fazer um “vinho” de pétalas de rosa.
É um vinho natural? Claro que não. Vinho natural é vinho feito com fermentação espontânea e sem adição de açúcar. Mas não estamos falando aqui do movimento de vinho natural. Estamos falando em vinho vegetal espagírico que vai virar espírito, ou seja, um destilado alcoólico.
A intenção de fazer um álcool espagírico é fazer medicinas. Mas até virar uma medicina, ele pode ser bebido como birita – que é o que provavelmente vou fazer, pois ainda me faltam anos luz para fazer medicinas espagíricas.
O processo de destilação alcoólica veio da alquimia, passou para a medicina e até hoje os alambiques no mundo inteiro utilizam praticamente as mesmas técnicas.
Em casa, uso as vidrarias de espagiria para destilar meus óleos essenciais, meus álcoois e águas medicinais. Faço na pia da cozinha, e meu primeiro espírito foi um destilado de jabuticaba, feito de um vinho de jabuticaba que eu fiz, aqui da horta. Meu segundo é esse, de rosas.