Bolo de Milho & Sementes Crioulas.
Estava lá ela. Espiga de milho verdinha, fresquinha, irresistível, olhando pra mim de lá da cesta. Estava pedindo pra virar bolo. Não teve jeito. Virou bolo de milho.
Acabou de sair do forno, quentinho, guloso, quase uma malcriação de tão cheiroso.
Pedi a receita pra sogra, também. Ela me passou as medidas no olhômetro, então fiz um teste medindo – deu certo.
Milho verde ralado ( umas seis espigas ), 1 xícara de farinha de milho ( usei a integral de semente crioula ), 4 ovos, 1 xícara de leite ( usei de cabra cru que tinha acabado de ser ordenhado, mais luxo que isso impossível! Rs ), 2 colheres de sopa bem cheias de manteiga ( uso organica, sempre ), 1/2 xícara de açúcar ( não gosto de nada muito doce, então às vezes quando o milho está bem doce nem coloco. Mas pode ser o que você preferir. O mascavo e o de coco deixam o sabor mais marcante, o demerara fica mais neutro, agave ou stevia melhor ir colocando e provando pra ver o ponto.)
Mistura tudo, bate no liquidificador, acrescenta uma colher de bicarbonato de sódio enquanto estiver batendo, depois vai pro forno médio uma meia hora, quarenta minutos, até ficar douradinho.
Eu goste dele bem mole por dentro, meio pamonha. Se gosta mais fofinho e sequinho, coloque o dobro ou mais de farinha. Aliás, pode variar as farinhas: grão de bico, inhame, mandioca, arroz…. ).
Pra variar, é uma daquelas receitas que o que vale é fazer: as medidas são só um guia.
Comi sem medo de ser feliz com uma xícara gigante de café, manteiga de cúrcuma e ricota de kefir de leite de cabra. Ui. Prometo que amanhã volto pro regime… rss…
De grão em grão, a gente pode fazer alguma diferença.
Essas sementes aqui chegaram de amigos vinhateiros lá do Rio Grande do Sul. Sementes de milho crioulo de palha roxa, lindos.
Me mudei para um terreno grande faz menos de seis meses. Morava antes num apartamento, e no máximo cultivava um pé de boldo no terraço.
Desde então, já em casa, consegui implantar duas hortas para fornecer ervas e verduras para a Enoteca, e uma rocinha de milho, mandioca, taiobas, cará, legumes em geral. A idéia era mesmo me mudar para um lugar onde pudesse plantar as coisas, para comer e para trazer para o restaurante.
Fui atrás de sementes de milho crioulo e variedades diferentes de mandioca. Árvores frutíferas e flores. O mais legal é que os amigos ficam me mandando de presente sementes crioulas de todas as partes do Braza. Jambú, laranjas sanguíneas, limões, agrião roxo, ora pro nobis, tem de tudo.
De árvores, plantei mais de 20 frutíferas, entre elas algumas que são símbolos aqui da nossa região: cambuci, jaracatiá, gabirobas, araçás, tarumã, entre outros. Tomatinhos silvestres, melancias, limões e abobrinhas caipiras, amoras e morangos silvestres, feijões de todos os tipos e tamanhos. Sempre que tenho sementes sobrando saio jogando nos terrenos baldios vizinhos e nas áreas de mato.
A maioria das coisas vai demorar mais de 5 anos para começar a produzir. Mas não tem problema, quem planta uma árvore não está com projetos a curto prazo, mas sim, a longo prazo. E mesmo que seja uma gota de água num oceano infinito, dá pra fazer sua parte sim na preservação do meio ambiente, na promoção de uma vida mais saudável e sustentável, na preservação de nossas sementes e cultura gastronômica.
Minha idéia é conseguir levar a maioria das coisas que uso na cozinha, aqui de casa. Ervas e saladas já consigo, assim como alguns legumes de vez em quando. Leite também. Todo dia levo um litro de leite que nossa cabrinha, a Maruska, dá. Em breve teremos um galinheiro, e quem sabe não sobre uns ovos para a Enoteca também! Rs
Portanto, se tiverem sementes interessante sobrando por aí, podem me mandar que eu terei o maior prazer em plantar por aqui! Rs