O problema das sementes.
O problema da preservação de sementes é mundial. Brasil idem. Chile idem.
Se a gente imaginar a diversidade de plantas que existem e a quantidade de coisas que cultivamos, veremos que cada vez mais cultivamos MAIS de MENOS. Ou seja, maior quantidade de menos variedades.
O milho é um caso clássico. Países “milheiros”, como nós da América, sentem cada vez mais a extinção de espécies nativas para um mundo de um milho só.
Variedades mais fáceis, mais produtivas, sempre foram escolhidas pelos agricultores, mesmo que involuntariamente. Mas essa escolha vai afunilando o leque de variedades plantadas.
Com as grandes empresas de sementes, transgenia e grandes monoculturas, o quadro radicalmente piora: pessoas que antes cultivavam espécies nativas vão pouco a pouco passando para o “maravilhoso” mundo do cultivo de milho amarelo americano, que tem já no pacote a alta produtividade e a resistência aos pesticidas.
O problema de algumas espécies, como o milho, é que elas “cruzam” por polen. E polen pode viajar no vento através de quilômetros. Resultados? Contaminação de espécies nativas por polen transgênico: e os milhos nativos vai, pouco a pouco, se “transformando” em outra coisa.
O milho cruza com outras variedades que não transgênicas, claro. Mas com a quantidade esmagadora de milho amarelo americano transgênico por aí, ele acaba com certeza sendo o mais perigoso para os milhos nativos.
Aqui no Chile ao menos três variedades de grãos maiores ou menores, amarelos, eram cultivadas tradicionalmente. Hoje em dia os agricultores que preservam essas sementes tem que tomar cuidado de trocá-las apenas com outras que venham de culturas não contaminadas, procuram plantar em épocas diferentes da maioria para não haver cruzamento por polen, e por aí vai.
Tirando a questão da transgenia, que nesse caso é um rolo compressor que passa em cima das espécies nativas, existe a perda da cultura e tradição alimentar ao longo de gerações que vão “afunilando” seu leque de espécies. Espécies selecionadas para serem maiores, de uma cor só, bonitas, produtivas e muitas vezes menos nutritivas vão decorando nosso triste prato de comida.