Taioba: pão de taioba, pasta de taioba, viradinho de taioba….
Bom, se vocês já viram o post sobre lírios do brejo estão percebendo que algumas coisas que temos aqui no terreno de casa estão indo direto lá pra Enoteca. Pra que usar outras coisas se temos um monte de coisa boa aqui de sobra? Essa foi a idéia em substituir as geléias de chá preto da tábua de frios por geléia de flores de lírio do brejo, e o paté de tomate do couvert, por paté de folhas de taioba. A couve dos viradinhos agora também é taioba. O picles, de rizoma de lírio do brejo. E por aí vaí.
Taioba. Quem tem parentada no interior ou em Minas lembra saudoso dos pratos com taioba. Meio couve, meio espinafre, é uma plantinha de folhas grandes, verdes, parrudas, deliciosas. Cresce em ambientes úmidos e é da família das Aráceas, nome científico Xanthosoma sagittifolium.
O “pobrema” é que é parecida com algumas primas que não necessariamente são comestíveis. Não são comestíveis pois tem alta concentração de oxalato e outras substâncias irritantes, que podem causar irritações diversas, vômitos, edemas, e jesuisamado, até asfixia. Como a taioba brava ( Colocasia esculenta variedade antiquorum ) que na verdade é um irmão do inhame ( Colocasia esculenta ).
Confuso? Fica mais ainda quando você olha as folhas. Essas aqui, por exemplo, estão nascendo perto de um filete de água aqui em casa: uma é a taioba e a outra é o inhame. A taioba, embaixo, tem o talo saindo logo na junção das folhas, além de ter uma linha que “contorna” toda a folha. O inhame, acima, não tem a linha de contorno e o talo sai do meio da folha, não da junção. Esse ainda não é o inhame ou taioba brava, mais perigoso, pois tem o talo verde, e o bravo tem o talo escuro, arrocheado. Na dúvida, melhor não arriscar e perguntar pra quem sabe: pois a taioba e os inhames podem crescer no seu quintal sem você se dar conta – e daí pra confundir as coisas, é rapidinho.
Por falar em confusão, a “batata” da taioba também é comestível! Tipo um inhame, tem 85% de amido e pode ser consumido cozido ou em polvilho. As folhas da taioba, por sua vez, são riquíssimas em vitamina A ( 100 gramas supre as necessidades diárias de um adulto ), potássio ( ótimo pros rins ) e vitamina C, super antioxidante, com muita fibra. É planta já quase esquecida dos cardápios, mas que ainda mora na memória de muita gente e está voltando lentamente pra mesa de quem se preocupa em resgatar essa história gastronômica da região.
PATÉ DE TAIOBA
Paté de taioba, alho, pimenta vermelha e azeite. Vai pro couvert da Enoteca a partir de hoje. Fica gostoso, bonito e ainda nutritivo pra caramba. Folhas verdes escuras são extremamente saudáveis.
Vai substituir a salsa de tomate crua. Motivo? Primeiro, pra variar os sabores. Segundo? Taioba dá o ano inteiro, ao contrário da maioria dos tomates. Aliás, boa parte da galera tacar pau nos agroquímicos da plantação de tomates é pela demanda excessiva de colocar tomate em tudo. Terceiro? Tenho um monte de lá em casa e é bem menos conhecida do que o tomate, ou seja, rende mais assunto na mesa. Dá pra explicar o que é, como faz, tudo isso.
Pra fazer? Facinho. Tem que dar uma fervida nela antes, e descartar a água. Com essa água você tira o travo, o amargor, que é uma toxina que certas plantas tem, e recomenda-se então dar uma aferventada. Com ela aferventada, é só dar uma refogada com cebola, alho, pimenta. Depois de fria, só bater com mais azeite e algumas gotas de limão, até ficar nessa consistência pastosa.
Se quiser improvisar um “pesto”, é só colocar algumas castanhas junto. Fica uma delicia com castanha do Pará, nozes, macadâmia, amêndoas.
Os ingredientes: 350 g de levain reformado e borbulhante, 550 ml de água, 3/4 de xícara de taioba cozida e espremida, 20 g de sal, 1 quilo de farinha de trigo branca orgânica.”