Nossa viagem de carro pela Alemanha continua…. e como nem só de vinho vive uma pessoa, fizemos uma paradinha estratégica em um ponto turístico, à caminho de Heilderberg ( uma das cidadezinhas de conto de fada alemãs ) ao mosteiro de Eberbach.Foi lá que foi filmado parte do filme O Nome da Rosa, de Jean-Jacques Annaud. Que aliás, recomendo a quem adorou o filme: leia o livro.
O mosteiro foi fundado em 1136 por monges cisterciences ( famosos pelo vinho na Borgonha, também….), mas a construção foi sendo modificada e ampliada até depois dos 1500.
Durante toda a idade média o mosteiro foi um grande produtor de vinho – e pasmem, o mosteiro continua sendo até hoje um dos grandes produtores em (quantidade de vinhos)_ da Alemanha. Até o séc. XVII eles tinham o “maior barril de vinho do mundo”, mas durante uma revolta local ele foi esvaziado e destruído. Que pena, adoraria ter visto. Em compensação, até hoje eles mantém as salas de prensa ( tem prensas lindas do séc. XVII, XVII….) e as salas de barricas, um cenário à parte.
Os vinhos são elaborados em método convencional – então nem me detive muito – mas de qualquer maneira, fiquei impressionadíssima com a quantidade de rótulos que o mosteiro apresentou.
Acho que devia ter mais de 30 rótulos, no mínimo, de parcelas diferentes, em diferentes vinhedos nos arredores. Alguns vinhos brancos doces, inclusive, eram bastante premiados e famosos no mundo inteiro. Provei cerca de uns 10 vinhos – todos Rieslings.
Bem feitos, interessantes – produtor grande, mas vale a visita. E quem quiser se arriscar, eles tem uma lojinha com safras mais antigas, da década de 60, 70….. que daí anima mais a levar alguma coisa pra casa.
Saímos do cenário e dirigimos até Heidelberg ( cerca de uns 45 minutos ) – uma mini cidade de 110m2 que é considerada uma das mais bonitas da Alemanha.
Suas primeiras menções na história datam de 1196.É uma cidade universitária às margens do rio Neckar que conserva sua atmosfera romântica e cultural, além de ser uma das cidades bastante frequentadas por Goethe.
Entre as muitas coisas boas da cidade ( entre elas as margens lindas do rio, as confeitarias com quitutes típicos, a arquitetura, a catedral, o castelo ……) estão, claro, a comida e a bebida.
Tivemos apenas uma noite na cidade, então deu pra curtir mais a noite e quase nada do dia. Uma pena, pois não conseguimos visitar quase nada. Por outro lado, deu para sentir bem o climão da cidade pela noite, que é fenomenal.
Só fico com pena de não ter conseguido visitar o castelo: as ruínas se avistam logo na entrada da cidade e é um dos pontos mais bonitos da cidade. Além disso, tem o que é hoje maior barril de vinho do mundo, com capacidade para 221 mil litros de bebida…. Ic!
Ele foi construído por Karl Theodor em 1751. Tem 8,5 m de comprimento, diâmetro de 7m e foram utilizados 130 troncos de carvalho. Existe uma escada para subir no barril e uma plataforma na parte de cima, com cerca de 20 metros quadrados. Isso que eu chamo de sede.
Você pode escolher entre os clássicos alemães ou então os restaurante mais moderninhos fora do centro histórico da cidade.
Outra curiosidade é que Heidelberg é uma das poucas cidades que foram poupadas durante a guerra: por isso ela é tão bem preservada. Reza a lenda que muitos dos generais tinham estudado na universidade da cidade, e por isso resolveram deixá-la de lado por algum laço afetivo. Verdade ou não, aparentemente foi uma das cidades menos destruídas no período da guerra.
Para começar a noitada, paramos em uma cervejaria local que foi reformada, mas funciona desde do século 18: Kulturbrauerei Heidelberg Scheffel´s.
Além da cervejaria, eles tinham também um pequeno hotel. Lindo, charmoso, romântico e…. muito alemão. Não conseguimos ficar no hotel, mas recomendo. As pessoas foram extremamente atenciosas e prestativas ( mesmo com nosso idioma alemão nulo), e o hotelzinho era mesmo um encanto.
http://www.heidelberger-kulturbrauerei.de/en/
Como chegamos de sopetão, pegamos a cervejaria já lotada. Eles serviam pratos também, mas estavamos mais afim de visitar um restaurante com cara de taberna que tínhamos visto mais cedo, a alguns passos dali.
Pra nossa surpresa, eram do mesmo dono: Wirtshaus Zum Seppl.
http://www.heidelberger-kulturbrauerei.de/en/scheffels-wirtshaus-zum-seppl
As cervejas eram muito boas – na verdade é difícil pegar uma cerveja realmente ruim na Alemanha, convenhamos….. você tem que escolher bem a dedo e uma bem comercial – e mesmo assim, vai ser bem superior às nossas….. – e o restaurante era um caso a parte.
Com poucos – e ótimos pratos – ele tinha realmente o clima de taverna. Um músico no piano, dois rapazes correndo no salão de um lado para o outro, cervejas.
O lugar é conhecido por você poder escrever seu nome nas paredes, nas cadeiras, nas mesas. Como tudo é de madeira, você pode deixar sua marca onde quiser.
Ah sim…. o prédio funciona como restaurante desde o século 17.
O jantar foram salsichas de vitela artesanais ( da cidade vizinha, conforme nos explicaram ) com mostarda de mel e pretzels com sal grosso. Divino. E como eles mesmos nos explicaram também, era feito para se comer com as mãos, e não com talheres…. rs. Adorei.
Um breve passeio depois do jantar nos deu uma idéia do que era a cidade inundada de jovens: era um final de semana e toda a molecada estava na rua. Bebendo, lógico. Mas como eram alemães, estavam na maioria bebendo vinho ( achei que fosse cerveja, mas me surpreendi ) – e mesmo trançando as pernas, jogavam as garrafas de 1L de vinho vazias…. no lixo, obviamente. Até bêbados eles são muito mais civilizados que nós….rsss
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Zum Seppl
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Endereço: Hauptstraße 213, 69117 Heidelberg, Alemanha