Cozinha de raízes brasileiras…. ?
A gente vive realmente em um país estranho.
Eu cresci, como toda criança nascida em Sampa, com arroz e feijão.
Cresci comendo puchero e escabeche herdado cozinha da bisa galega Luiza ,
couscous paulista da vó Linda, couve fininha da outra vó quase mineira,
a vó Maria. A bacalhoada do meu pai ( deve ter vindo dos parentes
portugueses, claro ), o chucrute e a salada de repolho roxo que veio da
bisa do leste ( de algum lugar do antigo império que já não existe mais ).
Cresci comendo uma mistura de cozinha portuguesa, mineira, paulista, do
leste europeu, espanhola, dentre outras coisas. E claro, italiana. Não
por parentes, mas por morar em São Paulo. Pizza de domingo sempre foi
sagrado. Macarrão à bolonhesa. Ao sugo. Macarrão, pão e embutidos
qualquer hora e qualquer jeito.
… e daí me vem um cidadão
fazendo uma crítica “construtiva”, dizendo que eu deveria explorar mais
as minhas “raízes brasileiras” na minha cozinha. Ingredientes
amazônicos, peixes de rio, frutas exóticas do norte e do nordeste.
Que?!
Daí eu me pergunto: mas e se minhas raízes gastronômicas não foram
essas, elas não continuam sendo tão brasileiras quanto as “chamadas”
raízes brasileiras? Isso também não acaba sendo um estereótipo da nossa
gastronomia?
Nada contra nenhum dos ingredientes e nada contra nenhum tipo de gastronomia regional. Longe de mim.
Mas, sinceramente, eu não deixo de ser menos brasileira por não ter comido cupuaçu durante a infância……